1ª Epístola de Paulo aos Coríntios

Introdução

Essa epístola talvez seja uma das mais conhecidas devido à leitura da ceia e sobre os dons espirituais. Essa epístola nos mostra sobre os grandes problemas que essa igreja enfrentava. Das treze em que Paulo escreve essa como a outra da qual chamamos de sua segunda epístola aos Coríntios, são as epístolas em que mais o apóstolo trata sobre problemas de várias naturezas em uma só igreja. Enquanto na epístola aos Gálatas, Paulo combate contra a heresia dos judaizantes, na presente epístola são diversos os problemas aqui apresentados. Tais como:

a) Divisões por causa de lideranças ou personagens proeminentes dos tempos apostólicos (1Co 1.10-13) – igreja tinha o chamado “panelinhas” por parte de membros sobre lideres apostólicos dizendo “eu sou de Paulo, eu sou de Apolo, eu sou de Cefas”.

b) Sobre questões do batismo em águas (1Co 1.13-17) – Paulo deixa bem claro que em Corinto batizou pouquíssimas pessoas. Essa informação nos indica que pessoas não eram batizadas imediatamente logo após uma decisão a Cristo. Isso é evidente, pois, igreja de Corinto foi levantada por Paulo.

c) Sobre a verdadeira sabedoria, ou seja, qual era o tema principal da pregação de Paulo (1Co 2) – em uma região repleta de gregos e de devotos ao templo de Afrodite e filosofias, a pregação de Paulo era sobre o Cristo.

d) Uma igreja ignorante no conhecimento e carnal (1Co 3.1-9) – a igreja de Corinto é tida como a igreja que tinha todos os dons espirituais, porém, quanto a fé no conhecimento era ignorante e desorganizada em seus cultos.

e) Pecado de incesto na igreja (1Co 5) – com uma leitura cuidadosa, percebe-se que um homem ou jovem abusou de sua madrasta ou mantinha relações sexuais com ela, e até o momento da escrita dessa epístola o caso não tinha ainda sido tratado ocasionando escândalo na igreja.

f) Problemas entre membros locais sendo tratados por tribunais (1Co 6.1) – havia problemas que não estavam sendo resolvidos pelos lideres que envolviam seus membros e assim os mesmos levavam a causa para tribunais presididos por ímpios.

g) Prostituição, um pecado contra o próprio corpo (1Co 6.15) – o assunto sendo tratado por Paulo, é uma forte indicativa em que membros da igreja estivessem na prostituição oferecida pela idolatria ao templo de Afrodite (1Co 5.9).

h) Questões sobre celibato, viuvez e virgindade (1Co 7) – Paulo trata sobre celibato como dom, a liberdade para se casar novamente e a recomendação sobre o divorcio.

i) Alimentos sacrificado a ídolos (1Co 8 e 10.21) – a igreja estava em uma localidade afundada em paganismo e Paulo orienta sobre qual seria a postura quanto aos alimentos consagrados a ídolos.

j) Desprezo da autoridade apostólica de Paulo (1Co 9) – algumas pessoas estariam menosprezando a identidade apostólica de Paulo. Esse assunto é novamente apresentado em 2Co 11.

l) Recomendação quanto a idolatria (1Co 10) – a recomendação de Paulo para a igreja era que a mesma fugisse da idolatria.

m) Sobre a liderança familiar (1Co 11.1-16) – o apóstolo salienta que há uma hierarquia espiritual e familiar.

n) Indecência na liturgia da Ceia do Senhor (1Co 11.23-34) – a Ceia não estava sendo um ritual de respeito e temor a Memória e Promessa de Cristo. Com os comentários de Paulo, entende-se que na igreja havia pessoas mortas espiritualmente, fracas e enfermas devido não serem dignas de tomarem do Corpo e do Sangue do Senhor.

o) Ignorância quanto ao uso de dons espirituais e unidade da igreja (1Co 12) – o apóstolo deixa muito claro que por trás do uso dos dons está primeiramente a edificação da fé e união dos membros para serem o Corpo de Cristo.

p) Amor é mais importante que os dons espirituais (1Co 13.1-13) – ainda no mesmo assunto sobre dons, o escritor deixa de forma clara e convincente que os dons são uma demonstração do amor que se transmite através da ação do Espírito Santo. Esse é o erro dos mundanos, usam seus dons sem amor e com isso gera toda sorte de males. Na igreja deve ser diferente, usamos os dons por que amamos.

q) A necessidade de decência e ordem quanto ao uso das línguas, interpretação e profecia (1Co 14) – a igreja de Corinto estava longe da decência quanto a Ceia como o ato de congregar. Há nos comentários de Paulo, que a mesma deveria manifestar os dotes do Espírito da melhor maneira possível para não fugir da ordem e decência.

r) Sobre a ressurreição de Cristo e o arrebatamento da igreja (1Co 15) – ao ler cuidadosamente o capítulo quinze, a igreja além de todos os problemas já apontados, a mesma tinha em seu meio um assunto introduzido por alguns que diziam que “…não há ressurreição dos mortos…”1Co 15.12 cf 2Tm 2.17-18. Essa pregação era considerada como falsa por alguns (1Co 15.15). Havia perguntas de “…como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão?” (1Co 15.35). Com isso o Apóstolo chama os tais de “insensato…” (1Co 15.36). Devido a isso, Paulo dedica cerca de 1052 palavras para tratar sobre o importante tema, a Ressurreição de Cristo e dos santos da igreja.

Nessa mesma epístola, Paulo deixa a igreja de Corinto ciente que após sua passagem por Macedônia (1Co 16.5-7), o mesmo irá pessoalmente a igreja para tratar sobre demais coisas (1Co 11.34). Nessa introdução aos assuntos da primeira epístola, não são apenas problemas que Paulo trata, mas o mesmo autor informa a igreja sobre riquezas extraordinárias que olhos nunca viram, e ouvidos nunca ouviram reservados para os santos (1Co 2.9). E também muitos outros temas escatológicos.

Autor

É evidente sobre a autoria Paulina nas primeiras palavras dessa epistola (1Co 1.1). Segundo estudiosos no assunto há um comum acordo que a igreja recebe a epístola foi na sua segunda viagem missionária onde o mesmo passou dezoito meses (At 18.1-17). Essa igreja era composta de judeus, porém sua maioria poderia ser de gentios convertidos ao evangelho pregado por Paulo. Isso é bem aceito, pois nessa epístola Paulo vai direto ao problema vivido pela igreja e não em conceitos judaizantes.

A cidade de Corinto nos tempos apostólicos

Corinto foi reerguida por Roma e pertencia ao domínio da mesma na época de Júlio César em 46 a.C. Sobre sua população, havia cerca de 500 mil habitantes, em que 300 mil seriam cidadãos livres e 460 mil escravos. Embora essa informação possa variar, a cidade era segundo a história a cidade mais importante da Grécia antiga. A cultura, o comercio e localização fazia dessa cidade um local ideal para empreendedores. Paulo para se manter fabricava tendas (Atos 18.3-4). Havia, em Corinto, também dois grandes templos, em que um era o templo de Afrodite (deusa do amor), e o outro era de Apolo (deus da música, canto, poesia e da beleza masculina). Diz à história e nisso há um comum acordo que havia, no templo da deusa Afrodite, mil sacerdotisas que, aos finais de tarde, desciam até a cidade e vendiam seus corpos, cultuando, dessa maneira o sexo. Nessa mesma cidade havia um teatro que segundo arqueólogos comportavam 14 mil espectadores sentados. Os jogos Olímpicos eram realizados de quatro em quatro anos em Olímpia cerca de 160 km a oeste de Corinto.

Com isso fica mais claro o porquê de alguns comentários de Paulo na epístola protestando contra a idolatria, prostituição e atestando sobre a verdadeira sabedoria.

Autor,
Carlos F. Guimarães